O signo do leão

O primeiro longa-metragem dirigido por Eric Rohmer apresenta uma das marcas de seu estilo: personagens que se movem incessantemente pelas ruas das cidades, principalmente Paris. 

Pierre acorda, atende o telefone e descobre que herdou um bom dinheiro da sua tia, que acabara de falecer. Liga para os amigos, pede dinheiro emprestado e dá uma grande festa em seu apartamento. Dias depois, descobre que a tia, na verdade o deserdara. Sem emprego, endividado, abandonado pelos amigos a quem sempre recorreu, Pierre vaga de hotel em hotel, sem bagagem, pois precisa abandonar os quartos sempre que cobrado. Quando não consegue mais hospedagem, empreende uma caminhada durante dias pelas ruas de Paris até cair na completa mendicância. 

A narrativa é marcada pela bela fotografia em preto e branco; pelos longos silêncios de Pierre enquanto caminha; pela futilidade da boemia das noites parisienses; pela frustração de artistas como o próprio Pierre, um músico, e por outro sem-teto (Jean Le Poulain), um ator que encena trechos caricatos pelas ruas em troca de moedas. 

O final, quase milagroso, aponta a redenção de Pierre, mas deixa no ar o grande vazio destes personagens que vivem à margem em cidades como Paris, aparentemente bela e glamourosa. 

O signo do leão (Le signe du lion, França, 1959), de Éric Rohmer. Com Jess Hahn (Pierre Wesselrin), Van Doude (Jean-François Santeuil), Michèle Girardon (Dominique),  

El Topo

David Lyn classifica El Topo como um de seus filmes favoritos. Nada a estranhar, pois o surrealismo e a escatologia são presenças marcantes nas obras de Lyn e Jodorowsky. 

A narrativa é dividida em duas partes. Na primeira, o pistoleiro El Topo, que cavalga sempre em companhia de um menino nu, busca os assassinos responsáveis por um massacre em um povoado. É o típico western que irrompeu os anos 70 com cenas violentas e sanguinárias. O encontro do pistoleiro com os assassinos, liderados por um coronel, é um banho de sangue. 

Na segunda parte, El Topo deixa o menino para trás e cavalga em companhia de Mara, amante do Coronel. Completamente apaixonado, atende a um pedido de Mara: matar os quatro mestres do deserto, guerreiros invencíveis. É a virada da narrativa para o misticismo, para o simbolismo religioso, para inserções metafóricas sobre o sentido da vida e da morte. O sangue continua a jorrar, agora pontuado por cenas caricatas e diálogos nonsenses. 

El Topo foi praticamente banido dos cinemas mexicanos e dividiu críticas mundo afora. Alejandro Jodorowsky sempre buscou recursos para filmar a continuação da saga do mítico pistoleiro, mas parece que, aos olhos do mundo, um El Topo é suficientemente repulsivo. 

El Topo (México, 1979), de Alejandro Jodorowsky. Com Alejandro Jodorowsky (El Topo), Mara Lorenzio (Mara), Brontis Jodorowsky (O menino), Pablo Leder (Monge 1), Giuliano Girini Sasseroli (Monje 2), Christian Merkel (Monje 3), Aldo Grumelli (Monje 4).