
O filme começa com Jim Stark bêbado, deitado na rua se divertindo com um boneco mecânico. A noite de bebedeira termina na delegacia, onde Judy e Plato, outros jovens rebeldes, também prestam depoimentos ao juizado de menores. Resgatado pelos pais, Jim chega em casa e durante calorosa discussão grita a frase que marcou uma geração, uma das cenas icônicas do cinema graças à interpretação revolucionária de James Dean: “Vocês estão me destruindo.” O grito é doloroso, desolador, enfurecido e suplicante, proferido diante dos pais atônitos.
O filme é baseado em livro de mesmo nome sobre um delinquente criminoso. Nicholas Ray transformou a história em um potente retrato da juventude dos anos 50, rebeldes sem causa que transitavam pelas noites urbanas praticando delinquências. Do outro lado, a trama apresenta país de meia-idade que não conseguem compreender os filhos e se isolam em sua rotina entediante, se afastando cada vez mais do incompreendido comportamento da juventude marcada pelas incertezas provocadas pela Segunda Grande Guerra.
A obra é recheada de cenas memoráveis. Jim e Buzz duelando a faca no planetário Griffith, tendo Los Angeles como cenário panorâmico ao fundo. A corrida suicida com carros roubados entre Jim e Buzz, Judy dando a largada em mais uma das icônicas imagens do cinema. O clímax, novamente no planetário, quando os jovens rebeldes se vêem frente a frente com a polícia, o juizado de menores e os pais que assistem passivos a tudo. Em todas essas cenas, as presenças de Sal Mineo, Natalie Wood e James Dean expandem o cinema para além das telas. Em todas essas cenas, a magnitude de James Dean reverbera na tela a ponto de fazer o mundo inteiro ouvir: “Vocês estão me destruindo.”
Juventude transviada (Rebel without a cause, EUA, 1955), de Nicholas Ray. Com James Dean (Jim Stark), Natalie Wood (Judy), Sal Mineo (Plato), Corey Allen (Buzz).