
Aos 50 anos, Maria do Caritó (Lilia Cabral) ainda é virgem, pois cumpre promessa feita pelo pai. Esteve perto da morte no parto, o pai orou para São Djalminha, prometendo que entregaria a filha casta ao santo. O clero e políticos da pequena cidade do sertão lucram com histórias difundidas pelos fiéis de que a virgem é milagreira. No entanto, Maria do Caritó também faz suas orações e simpatias, rezando por um marido antes de ser entregue ao claustro da igreja.
Baseado em peça de Newton Moreno, o filme foi realizado para Lília Cabral destilar seu talento cena a cena. Os diálogos bem-humorados encontram a mais legítima expressão da comédia na atriz, que encarna a mulher sedenta por prazer, queimando por dentro, enquanto desfila cética pelas ruas da cidade, recusando a santidade. A falsidade ideológica é o grande tema da película, retratando políticos, padres, moradores da cidade, o pai de Caritó, todos fingindo sem escrúpulos enquanto buscam o lucro através da lenda criada. O circo mambembe que chega na cidade vai ajudar a desmascarar, incluindo a própria Maria do Caritó que precisa se travestir de palhaça para se encontrar e provocar a reviravolta final.
Maria do Caritó (Brasil, 2019), de João Paulo Jabur. Com Lilia Cabral Gustavo Vaz, Juliana Carneiro da Cunha.