
O documentário da feminista Alice Diop, filha de pais senegales, é dedicado ao escritor François Maspero: “O seu livro Les Passagers du Roissy Express me incitou a ver e amar o que havia diante dos meus olhos.”
Na primeira sequência, o ver e ouvir é representado por um casal e seu filho, em um bosque, observando de binóculos cervos selvagens. A partir daí, a diretora segue o cotidiano de personagens que usam o trem RER B, que atravessa Paris, conectando subúrbios ao centro da cidade.
Compõem o filme um mecânico africano, uma cuidadora de idosos, um escritor e a própria Alice Diop que interage com os retratados. No final, uma simbólica, metáfora, preparação de “nobres”, vestidos a caráter para uma caça aos animais, confirma a disparidade social sugerida durante a narrativa, que dá voz aos moradores da periferia.
Nós (Nous, França, 2021), de Alice Diop.