
É uma das raras incursões de Éric Rohmer, o cronista da vida cotidiana francesa, pelos filmes de época. A narrativa se passa em 1799. A Marquesa D’O, jovem viúva, cai nas mãos de soldados russos durante um conflito na Lombardia. Quando está prestes a ser estuprada, a marquesa é salva por um oficial russo, o Conde F. Após o fim do conflito, o Conde pede a Marquesa em casamento, mas tem sua vontade negada.
O filme é um profundo estudo sobre a natureza dos relacionamentos amorosos, ditados por desejos obscuros e validação moral da sociedade puritana. Quando descobre que está grávida, a Marquesa, mesmo jurando inocência, pois concebeu possivelmente vítima de abuso quando desacordada, é expulsa de casa e das relações sociais.
A fotografia de Nestor Almendros, filmada com luz natural, é um dos grandes destaques da narrativa, passada quase inteiramente no interior da mansão da família, com algumas incursões pelos campos. Éric Rohmer adaptou fielmente o conto do alemão Heinrich Von Kleist, mas imprimiu seu toque peculiar de retratar personagens marcados pelos acasos.
A marquesa D’O (Die Marquise Von O…, França, 1976), de Éric Rohmer. Edith Clever (Marquesa), Bruno Ganz (Conde), Edda Seippel (Coronela), Peter Luhr (Coronel).