O picolino

Jerry Travers (Fred Astaire) é famoso dançarino americano. Ele chega a Londres para encenar um show e se hospeda no quarto de hotel do produtor Horace Hardwick. Durante o ensaio de um número de sapateado, Jerry incomoda Dale Tremont (Ginger Rogers) que dorme no quarto embaixo. Ela sobe para reclamar do barulho. Este simples conflito é o ponto de partida para uma comédia de erros, com personagens assumindo identidades trocadas. Encontros e desencontros se desenrolam até o final, entremeados por números musicais e os espetáculos de dança que consagraram a dupla Fred Astaire e Ginger Rogers.

Segundo o dramaturgo Garson Kanin, “Não dá para explicar, só para sentir. Astaire e Rogers criaram um estilo, uma moda, um acontecimento. Flertavam, paqueravam, cortejavam, brincavam, giravam, acariciavam-se, tremulavam, em suma, faziam amor ante nossos olhos.”

O depoimento retrata a magia dos musicais dos anos 30, gênero que Fred Astaire consolidou. O mundo de fantasia se revela em todos os sentidos em O picolino: os figurinos são deslumbrantes, a recriação de Veneza em estúdio é falsamente bela, as canções de Irving Berlin encantam o mais empedernido dos mortais, Astaire dançando, bem é Fred Astaire.

Em Cheek to cheek, Jerry Travers entoa a letra da canção com o rosto colado em Dale Tremont, uma declaração de amor ao pé do ouvido, sutil, assim como os passos da dança, como se os dois levitassem a alguns centímetros do solo. E, em se tratando de Fred e Ginger, acredite, eles estão levitando.

O picolino (Top hat, EUA, 1935), de Mark Sandrich.

Referência: Os clássicos do cinema. Juan D. Castillo (editor). Volume 1. Barcelona: Altaya, 1997.

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