
Helena Ignez participou ativamente como atriz dos grupos que construíram o Cinema Novo e o Cinema Marginal. Foi casada com Glauber Rocha e Rogério Sganzerla. Em sua recente produção como diretora, Helena Ignez traz resquícios destes movimentos que formaram gerações de cineastas e cinéfilos.
Inácio trabalha como mecânico, lê Freud, transita pela noite com o olhar sonhador de quem almeja mundos melhores. Em momentos de ócio na oficina na qual trabalha, tem devaneios com a moça do calendário que invade sua imaginação com erotismo e rebeldia, como se o chamasse a sair pelo mundo.
A moça do calendário é Lara, militante de esquerda que luta pela reforma agrária e transita pelo MST. Em algum momento os dois podem se encontrar, enquanto isso, desfilam pelo olhar dos personagens a noite marginal paulistana, os segregados, os explorados pelo capitalismo. Belas imagens, texto contundente, crítica social, irreverência dos personagens – a autora Helena Ignez tem um quê de marginal em seu cinema.
A moça do calendário (Brasil, 2017), de Helena Ignez. Com André Guerreiro Lopes (Inácio), Djin Sganzerla.