
A interseção entre documentário e ficção é tendência do cinema brasileiro. A diretora Juliana Antunes exercita o estilo em Baronesa, projeto que começou como um documentário quando ainda estudava Cinema e Audiovisual e enveredou para relatos ficcionais envolvendo personagens da periferia de Belo Horizonte.
Andreia mora no bairro Juliana, mas está construindo uma casa no vizinho Baronesa (Juliana Antunes relata que a ideia do filme começou da observação do transporte público de Belo Horizonte, pois diversos bairros trazem nomes femininos). Leid, amiga de Andreia, cuida dos filhos enquanto espera o marido sair da cadeia. As filmagens aconteceram em locações, com moradoras do próprio bairro que improvisaram situações e diálogos. A câmera assume posição íntima das personagens, registrando imagens do cotidiano e diálogos coloquiais sobre criação dos filhos, sexo, questões sociais. Em determinada sequência, tiros invadem o som ambiente, equipe de filmagem e personagens correm para dentro da casa. Neste momento das filmagens aconteceu um tiroteio no bairro, conflito de duas gangues do tráfico rivais. Está no filme. É a força de Baronesa: o registro do cotidiano de mulheres da periferia, envolvidas pelos dramas e tragédias da realidade.
Baronesa (Brasil, 2017), de Juliana Antunes. Com Andreia Pereira de Sousa, Leid Ferreira, Felipe Rangel Soares.