
A diretora e atriz Bárbara Paz faz uma incursão ousada pela intimidade de Hector Babenco, com quem era casada. O documentário entremeia depoimentos de Babenco coletados ao longo de sua vida, cenas da vida cotidiana, incluindo imagens íntimas do casal, imagens do diretor em situações de trabalho e em polêmicas entrevistas, várias e várias cenas de seus mais importantes filmes. Mas a ousadia está em registrar com a câmera momentos da doença de Hector Babenco: em casa, no hospital, ainda trabalhando, ele refletindo sobre a doença que consome sua vida.
Agnès Varda fez registro semelhante também com seu marido, o famoso diretor da nouvelle-vague francesa, Jacques Demy. Filmes que só podem ser realizados por mulheres corajosas, sensíveis, francas, capazes de expressar com a câmera não só momentos íntimos, mas intensamente dolorosos. Bárbara Paz em seu documentário presta uma grande homenagem a Babenco, um dos maiores diretores de todos os tempos do cinema nacional. E também ao cinema, pois cinema é acima de tudo intimidade, intensidade, verdadeiro na essência.
Babenco. Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou (Brasil,2020), de Bárbara Paz.