
É um filme silencioso, a narrativa motiva o espectador a se entregar aos belos cenários (Parque Estadual dos Três Picos, região serrana do Rio de Janeiro) e às angústias da protagonista. A menina Maria vive reclusa com a mãe, sofrendo com a ausência do pai que abandonou a família. Um criador de cabras acampa perto da casa e deflagra desejos em mãe e filha. Narrativa paralela coloca Maria e o pai em um ambiente indefinido, conversando em forma de fragmentos.
A película é adaptada dos contos O unicórnio e Matamoros de Hilda Hilst. A adaptação tenta transpor para as telas o universo intimista, carregado das angústias femininas da autora. Poucos atores em cena, característica do cinema brasileiro contemporâneo, paisagens que ajudam a compor a solidão de mãe e filha, ambiente claustrofóbico que permeia a possível insanidade do pai, composição fotográfica que remete ao universo das fábulas. Filme silencioso e reflexivo.
Unicórnio (Brasil, 2017), de Eduardo Nunes. Com Patrícia Pillar, Zé Carlos Machado, Lee Taylor, Bárbara Luz.