
Em 1943, os aliados planejavam a libertação da Itália, ocupada pelos nazistas. O desembarque das tropas deveria acontecer pela Sicília, fortemente defendida pelos alemães. Para minar a resistência, os aliados plantaram informações falsas que invadiriam a Grécia. Assim nasceu a famosa Operação Mincemeat, criada por um pequeno grupo de estrategistas formado por civis e militares: o cadáver de um oficial inglês jogado na costa da Espanha com informações sigilosas sobre o desembarque na Grécia.
A operação é considerada um dos maiores estratagemas de dissimulação da história das guerras. É a base narrativa de O soldado que não existiu. O filme começa pela montagem invertida, no dia do desembarque da Sicília, com narração em off do escritor Ian Fleming, que participou da operação, discorrendo sobre verdades e mentiras, realidade e ficção em tempos de guerra.
O recuo no tempo, seis meses antes, narra passo a passo o estratagema. Romance, bom-humor, drama e suspense se entrelaçam na história. Em um momento, um oficial diz, se dirigindo a Ian Fleming: “estamos cercados pelos nazistas e pelos escritores.”
O filme não tem surpresas, todo mundo que se interessa pelo tema sabe que os alemães não ofereceram resistência ao desembarque na Sicília. O trunfo do roteiro são mesmo as combinações de gêneros, centrando na estratégia, sem necessidade das tradicionais sequências de guerra.
O soldado que não existiu (Operation Mincemeat, EUA, 2021), de John Madden. Com Colin Firth (Ewen Montagu), Matthew Macfadyen (Charles Cholmonde), Kelly Macdonald (Jean Leslie), Johnny Flynn (Ian Fleming).