
Wong Kar Wai filmou essa fascinante incursão pelos encontros casuais das ruas de uma cidade em apenas 23 dias. São duas histórias que se confundem, se misturam, se integram, essas coisas de destinos.
O policial 223 tenta esquecer sua antiga namorada, comendo sem parar enlatados que estão perto de perder a validade. Em um bar, conhece uma bela e misteriosa criminosa, cuja arma atira como nos bons filmes de Godard. O policial 663 tem um tórrido caso com uma aeromoça, que o abandona. Ele faz a ronda da cidade perto de uma lanchonete, onde trabalha uma despretensiosa e irreverente garçonete. Fascinada pelo policial, a garçonete passa a frequentar a casa do policial enquanto ele está no trabalho, promovendo mudanças sutis na decoração, deixando sua marca.
Amores expressos foi responsável pela revelação internacional do icônico diretor Wong Kar Wai e, por extensão, abriu os olhos do ocidente para o cinema contemporâneo asiático. O contraponto de cenas aceleradas e outras em câmera lenta estão presentes, assim como a exuberância visual, pontuada sempre por uma trilha sonora que, às vezes, apenas marca a trama, outras, toma conta do espaço cênico – destaque para California Dreams.
Não espere narrativa coerente, bem costurada em termos de roteiro. As duas histórias são fragmentos de encontros, como esses encontros entre jovens que tentam se reconciliar com seus amores.
Amores expressos (Chung hing sam I am I, China, 1994), de Wong Kar Wai. Com Brigitte Lin, Tony Chiu Wai Leung, Faye Wong, Takeshi Kaneshiro, Valerie Chow, Jinquan Chen, Lee-Na Kwan, Zhiming Huang, Liang Zhen, Songshen Zuo