
Na primeira sequência, o detetive Sal Friedland anda pelas ruas de uma cidade futurista. O ponto de vista da câmera é subjetivo, o espectador acompanha o olhar do personagem cruzando com pessoas. A novidade é que o olho é literalmente a câmera: registra tudo em um chip implantado na mente.
Anon parte de princípio fascinante: todas as pessoas têm câmeras implantadas, as imagens ficam gravadas, portanto, é simpls elucidar um assassinato, basta aos policiais acessar os registros da vítima e conferir se o criminoso foi visto. A virada acontece quando série de assassinatos acontece após um hacker conseguir inverter o ponto de vista no momento do crime, ou seja, a câmera registra pelo olhar do assassino. Anon, misteriosa mulher, cruza o caminho de Sal e coloca incertezas nos olhares de todos.
O diretor Andrew Niccol é responsável por outras narrativas ambientadas em futuros distópicos: Gattaca – Experiência genética (1997) e O preço do amanhã (2011). Anon é o mais puro entretenimento neste universo, trazendo como adicional a marca do diretor: questões éticas, filosóficas, existenciais neste futuro não tão distante.
Anon (EUA, 2018), de Andrew Niccol. Com Clive Owen, Amanda Seyfried, Colm Feore, Mark O’Brien.