
Durante visita ao cemitério, dois jovens irmãos são atacados por um estranho. O irmão é morto, mas a jovem consegue fugir no carro, sendo perseguida pelo estranho. Ela consegue se esconder em uma casa nas imediações da estrada. A casa acaba servindo de refúgio para outras pessoas, pois os cadáveres estão se levantando das tumbas naquela noite e perseguindo os vivos em busca de alimento: carne humana.
A noite dos mortos vivos (Night of the living dead, EUA, 1968), de George Romero, se tornou cult e referência, principalmente para a geração de realizadores de filmes de terror dos anos 70/80. A produção barata concentra grande parte da narrativa dentro da casa, em ambiente claustrofóbico, uma aula do uso da linguagem fílmica em ambiente concentrado. Aos poucos, o espectador percebe que o terror verdadeiro está no comportamento dos enclausurados que se voltam uns contra os outros em busca da sobrevivência. É forte leitura dos dilemas que atingiam a sociedade nos conturbados anos 60, marcada pela violência nas ruas, conflitos racistas, enfim, espécie de guerra civil entre pessoas comuns.
“Este foi o filme de terror que definiu um novo padrão para o gênero na segunda metade do século XX, deslocando as narrativas das antiquadas convenções góticas do passado e trazendo-as para a luz fria e impiedosa do presente. A noite dos mortos vivos, um clássico de George Romero, com seu estilo seco, quase documental, aborda questões que preocupavam os norte-americanos no final dos anos 60: distúrbios civis, racismo, o colapso do núcleo familiar, o medo das massas e o próprio Dia do Juízo final. Tudo é incerto e o bem nem sempre triunfa. Pela primeira vez, um filme de terror refletiu o sentimento de preocupação que permeava a sociedade da época sem oferecer qualquer conforto ou segurança.”
Referência: 1001 filmes para ver antes de morrer. Steven Jay Schneider (editor geral). Rio de Janeiro: Sextante, 2008