A máscara negra desceu sobre o rosto deformado de Anakin Skywalker. Certos closes tomam conta dos nossos olhos e do que eles escondem. No final de A Vingança dos Sith, a máscara de Darth Vader dominou o cinema através do mais completo silêncio.
Em 1980, entrei no cinema tentando dominar a ansiedade que me persegue desde a década de 70, antes de cada filme da série Star wars. Naquele ano, o filme ainda era chamado de Guerra nas estrelas e parecia a história de Luke Skywalker, guerreiro estelar, samurai, pistoleiro e piloto de combate. Dentro do cinema lotado, os adolescentes gritam e assobiam a cada batalha de O império contra-ataca. Impossível ficar indiferente diante do idealismo místico de Luke e do romantismo cínico de Hans Solo.
Luke Skywalker finalmente se encontra com Darth Vader. Eles duelam pelos corredores da Cidade das Nuvens. A cena é famosa. Um dos vilões mais lembrados do cinema decepa a mão do herói, o jovem cavaleiro jedi procura fugir mas tem abaixo o abismo. Luke agarra-se como pode, a dor estampada no rosto. Darth Vader estende a mão para ele e numa frase revela o segredo da saga.
Não sei quantas pessoas cabiam naquele velho e grandioso cinema que guardava o glamour da sétima arte: tapetes vermelhos, dois andares, escada em caracol, tela de 70 mm. Quando a câmara deu close em Darth Vader e a voz impiedosa de James Earl Jones invadiu o cinema, nada mais se ouviu. Nem um som, nem um suspiro. O fascínio da revelação se traduziu em completo silêncio.
A vingança dos Sith encerra uma história de seis filmes. História que perdeu muito da magia e ganhou efeitos visuais espetaculares, que trocou o glamour por uma franquia milionária, a marca Star wars. A vingança dos Sith invadiu metade dos cinemas no mundo inteiro, domina jornais, revistas, programas de TV e a sempre inquietante Internet, que acabou com a sensação de ser surpreendido por uma frase tão banal quanto “Eu sou seu pai”.
Mas dentro do cinema, quando a máscara de Darth Vader tomou conta da tela, o silêncio era o mesmo de 1980.